História, Fé e Arte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um dos locais mais visitados do mundo, a Capela Sistina continua impressionando turistas com as pinturas feitas por Michelangelo e outros mestres da Renascença

Quando entrei na Capela Sistina pela primeira vez, demorei um pouco para entender onde estava. Eu só reconheci o local quando ergui a cabeça e percebi que estava parada embaixo da ‘Criação de Adão’, a famosa pintura de Michelangelo que fica bem no centro do teto. A figura é tão impressionante, que eu não conseguia tirar os olhos do pequeno espaço entre a mão poderosa de Deus e os dedos do homem. A Capela Sistina surpreende pelas cores fortes e vibrantes das pinturas que preenchem todo o seu interior. Os desenhos parecem ganhar vida e se misturar aos mais de 20 mil turistas que visitam o local diariamente.

Conhecer a Capela Sistina é muito mais simples e fácil do que imaginava. Ela é o ponto alto da visita aos Museus do Vaticano, que estão entre os mais importantes do mundo. Eles receberam esse nome porque, na realidade, são um conjunto de museus independentes, com artes valiosas colecionadas por diferentes papas ao longo dos séculos. Na prática, é quase impossível notar a diferença, pois todas as salas são interligadas.

Localização

A Capela Sistina faz parte do Palácio Apostólico, a residência oficial do Papa. Ela fica ao lado da Basílica de São Pedro, bem no centro do Vaticano. Quando um papa renuncia ou falece, é na Capela Sistina que os cardeais se reúnem para escolher quem será o próximo líder da Igreja Católica.

Existem dois caminhos possíveis dentro dos Museus do Vaticano. O mais curto leva rapidamente à Capela Sistina, enquanto o mais longo proporciona a oportunidade de passear entre artefatos da Antiguidade e obras renascentistas. Na Galeria das Tapeçarias, por exemplo, estão lindos tapetes produzidos na Bélgica durante o século XVI. Um dos lugares mais bonitos é a Galeria dos Mapas, com 40 mapas da Itália e seus principais portos, pintados entre 1580 e 1585. O grande desafio é se concentrar nas informações, pois o teto da galeria é simplesmente deslumbrante. Outra vantagem de escolher o trajeto mais longo é conhecer as Salas de Rafael. O artista foi chamado para decorar as paredes e o teto dos antigos aposentados privado do Papa Júlio II (1503-1513). Foram necessários 16 anos de trabalho e o resultado impressiona pela riqueza de detalhes.

Quando menos esperava, estava dentro da Capela Sistina. O silêncio é convidativo. Mesmo as pessoas que um pouco antes estavam rindo e conversando sentiram vontade de ficar quietas e apreciar as cores e a beleza do local, que guardar algumas das principais obras de grandes mestres da pintura renascentista. Depois de alguns minutos lá dentro, fica fácil entender porque ela é considerada um dos maiores tesouros da humanidade. A Capela Sistina mistura história, arte e fé num espetáculo visual difícil de esquecer.

Como visitar

Os ingressos para os Museus do Vaticano custam 17 euros (aproximadamente R$ 75) e podem ser comprados no site oficial. O horário de visitas é das 9h as 18h. Se você quiser evitar filas, compre o seu ingresso antecipado e escolha o primeiro horário. Lembre-se que a Capela Sistina é um espaço religioso, por isso é proibido roupas curtas, blusas sem manga ou decotadas. Além disso, não é permitido falar alto, fotografar ou sentar no chão.

Como tudo começou

A história da Capela Sistina começa em 1477. O nome é uma homenagem ao Papa Sisto IV (1471-1484), que tomou a iniciativa de reconstruir a antiga capela que existia no local. A obra fez parte de uma série de revitalizações que a Santa Sé estava realizando no Vaticano naquele período e demonstrou três anos para ser concluída. Alguns dos maiores artistas da época ficaram responsáveis por decorar as paredes da Capela Sistina, entre eles Pietro Perugino, Sandro Botticelli, Luca Signorelli, Pinturicchio e Rafael. Nas paredes, as gravuras mais próximas ao chão imitam tecidos. Logo acima surgem cenas da vida de Cristo e de Moisés. Lá no alto, entre as janelas, estão os retratos dos primeiros Papas da Igreja Católica.

A pintura original do teto da Capela Sistina imitava um céu estrelado, bem ao estilo das capelas medievais. Ela foi danificada, décadas mais tarde, quando uma das paredes começou a inclinar e provocou uma grande rachadura. Foi então que o Papa Júlio II (1503-1513) teve a ideia de chamar Michelangelo para refazer os desenhos do teto. Demorou dois anos para convencer o artista, que se interessava muito mais por escultura. Ele fez tudo sozinho, contando apenas com a ajuda de andaimes, entre 1508 e 1512.

O tema do majestoso teto é o Antigo Testamento e bem ao centro estão oito cenas inspiradas no livro de Gênesis. A última pintura foi acrescentada à Capela Sistina 22 anos mais tarde. O Papa Paulo III (1534-1549) contratou Michelangelo para redecorar a parede atrás do altar. O desenho criado é o Juízo Final, que levou sete anos para ficar pronto. A primeira coisa que chama a atenção é a figura de Jesus, bem ao centro, decidindo aqueles que vão para o Céu e os que estão condenados ao inferno. É nessa obra-prima que Michelangelo mostra toda a sua força e expressividade.

 

Fonte: Revista Ofertão